domingo, 20 de setembro de 2015

Palco: Exercício cênico "Pai contra Mãe"

    Bom dia, povo lindo!
    Ok, eu já sabia que tinha tempo que não escrevia por aqui, mas levei um susto quando vi a data da última postagem. Como assim eu não escrevo desde maio, gente? Já estamos em setembro! Bom, mas vou começando deixando claro que não fiquei esse tempo todo sem escrever porque me faltou o que contar. De maneira nenhuma. Pelo contrário, a minha história com os palcos tem sido cada vez melhor e devagarzinho vem se formando bem bonita. De maio para cá muitas coisas boas  sobre as quais eu não escrevi aqui aconteceram com relação à minha trajetória no teatro. Por isso, resolvi fazer uma sessão à parte aqui que vou chamar: "Das coisas que não contei por aqui..." pra tentar sanar essa falta minha com o blog e não deixar sem registro nele essas tantas coisas boas que eu deixei sem espaço aqui nesse meio tempo. Logo logo publico o primeiro escrito da sessão.
     Mas agora não. Agora quero falar de outra coisa. Outra experiência que tive a honra e alegria de viver esses dias. 
     Para quem não sabe, Maceió está vivendo o paraíso do teatro esse mês. Recentemente, tivemos o Filé Teatral, um evento promovido pelo curso de licenciatura em Teatro da UFAL; semana que vem sediaremos o FITO, Festival Internacional de Teatro de Objetos, e, com isso, receberemos várias companhias de outros estados e países. E atualmente estamos finalizando a etapa Alagoas do FTB, Festival de Teatro Brasileiro. Graças a este último recebemos várias companhias do estado da Paraíba. E tivemos a oportunidade de trocar experiências com essas companhias. Entre estas o Coletivo de Teatro Alfenim.  
      O Coletivo, além de trazer aos palcos alagoanos peças maravilhosas, veio com uma proposta linda de residência artística com artistas locais. Lógico que eu não ia perder essa, né? A ideia era reunir artistas daqui para conhecer um pouco do modo de trabalho do Alfenim, trocar experiências e ainda apresentar um exercício cênico ao final da residência. Maravilha, né?
         Pois bem, a residência teve início no dia Primeiro deste mês e sua finalização no dia 15. Não foram 15 dias corridos. Não. Foram 15 dias partidos. Na verdade, quando fiz minhas contas, tivemos apenas 7 dias de residência. Uma semana partida em 15 dias. Mas, foi uma semana partida de trabalho intenso e delicioso. De muita alegria por conhecer pessoas maravilhosas e por vislumbrar um trabalho lindo que estava nascendo em tão pouco tempo. Mas falo um pouco mais sobre essa parte mais adiante...
       O Alfenim, na pessoa de seu diretor e dramaturgo Márcio Marciano (virei fã!), nos propôs construirmos um trabalho durante aqueles dias em cima do conto "Pai contra mãe", de Machado de Assis (Teatro e Machado, gente! Como não amar?). Fiquei ainda mais encantada com a Residência e isso suscitou, inclusive, uma ideia bem bacana para um projeto futuro do Teatro da Poesia (mas isso é pauta para outro texto). O fato é que Machado escrevia a séculos atrás, com maestria literária que dispensa comentários, sobre temas extremamente atuais.
          No caso do conto "Pai contra mãe", que tinha como plano de fundo a época da escravidão do Brasil e a repressão a escravos fujões, Machado nos apresenta Cândido Neves, um homem que após tentar, sem sucesso, exercer os mais variados ofícios, acaba por se tornar um caçador de negros fujões, já que, assim, conseguia boas recompensas dos donos dos escravos recuperados. Cândido, porém, se casa com Clara e esta engravida. Porém, ao mesmo tempo que se aproxima a hora do bebê nascer, torna-se cada vez mais difícil a situação financeira do casal, visto que Candinho já não consegue capturar negro algum a bastante tempo. Por mal terem recursos para viverem os três, tia Mõnica, que cuida do casal, os aconselha a colocar a criança na roda dos enjeitados. Candinho não consegue suportar a ideia. Por isso ele fica cada vez mais obcecado pelo anúncio de uma negra que fugiu. Após um bom tempo de procura, ele consegue encontrá-la e a captura, a negra Arminda, por sua vez, implora que Candinho não a entregue ao seu dono, pois ela está grávida e, conhecendo o dono que tem, este a castigará com açoites, o que pode causar o aborto da criança. Cândido entrega a negra e acontece exatamente o que ela temia.
           Pelo resumo que eu fiz dá pra ter noção da força do texto, não é? Mas o texto de Machado, sem dúvida, vale muito mais a pena que o meu resumo.
            O fato é que o Marcio nos convidou a construir com ele um exercício cênico com base nesse conto pensando as cenas imageticamente. E o Nuriey, por sua vez, cuidou da parte musical do nosso exercício com tanto esmero e cuidado que o resultado disso foi algo tão lindo que até agora eu estou enviando mensagens ao meu cérebro para que ele resista e não me deixe esquecer aquelas músicas.
             As dificuldades durante o processo foram muitas: Estávamos em meio a feriados e greve da UFAL e, consequentemente, da ETA, que estava nos emprestando o espaço para a Residência. Talvez também por isso, tenhamos começado o processo com determinado número de participantes que foi diminuindo à medida que os dias iam passando. E aí, dois dias antes da apresentação, chegaram um monte de participantes novos. Imaginam a loucura que foi?
                Mas eu acho que foi por isso mesmo que a apresentação foi tão mágica. Dia 15 de setembro de 2015. Estávamos ainda tão nervosos, tão inseguros... Mas chegada a hora, a coisa fluiu (como sempre flui) e foi lindo. Lindo lindo. Não conseguiria expressar aqui nem que tentasse o êxtase que senti por estar ali. Nunca vou conseguir explicar direito o que sinto quando estou no palco. Não há palavras suficientes no mundo nem em língua alguma pra deixar isso claro. Só sei dizer que foi lindo. Foi lindo também os aplausos e comentários da plateia ao final, encontrar amigos na plateia e receber seu carinho quando tudo terminou. Gente, como eu amo isso. Um dos atores da Paraíba veio falar comigo ao final e disse: "Você nunca pode largar o teatro." Foi o melhor elogio do dia. E a maior verdade. Não posso mesmo. Não me sinto viva sem ele.
                 Dito isso tudo, só me resta agradecer. Agradecer enormemente ao Coletivo de Teatro Alfenim. Em especial ao diretor e dramaturgo Marcio Marciano e ao músico Nuriey Castro: Muito obrigada! Saibam que virei fã de vcs e que espero realmente que nós ainda nos encontremos pelos palcos da vida. Obrigada pela paciência, dedicação e pelo trabalho lindo que vcs nos deram a honra de viver.Também agradeço a Adriano Cabral, que se fez presente em cada encontro da Residência e acreditou em nós; e à Gabriela Arruda, produtora do Coletivo, que também nos acompanhou em cada momento e é uma fofa. Agradeço ainda à Zezita Matos por ter me dado a honra de conhecê-la e trocar com ela algumas palavras sobre o meu amor pelo teatro. Zezita, vc é uma linda! E agradeço também aos colegas de Residência. Foi um prazer viver esse trabalho com vocês e que tenha sido apenas o primeiro de muitos.
                       Agora vamos aos registros, né? Gente, meu sonho era e continua sendo encontrar algum vídeo desse apresentação. Por favor, se alguém que ler esta postagem por acaso tiver algum, mande para essa atriz desesperada, sim? :P Na ausência de vídeos, temos, porém, algumas fotos do processo e do dia da apresentação. Aí estão elas:



Primeiro dia de Residência

Primeiro dia de Residência

Início da apresentação


Cena com o ator Régis de Souza

Final da apresentação. Bate-papo com o elenco e o diretor.


      Infelizmente, não tenho aqui comigo a lista completa com os nomes dos participantes da Residência que compuseram esse elenco e, com medo de citar alguns e esquecer outros, prefiro não fazê-lo. Mas, é isso, pessoal. Foi lindo! E se alguém encontrar algum vídeo por aí, please, não esqueçam de me dizer, tá?

Beijos beijos,

Louryne Simões

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