segunda-feira, 28 de julho de 2014

Filme "Miséria e neon" (João Daniel Maia): Maria das Dores

    Gente, e como eu pude quase esquecer desse trabalho? Esse foi do final do ano passado e me rendeu um aprendizado enorme. Eu nem estava na ETA ainda. Estava me preparando para o teste de admissão (aquele em que eu fiz a Fedra e que você pode ter uma ideia de como foi aqui.). Um amigo muito querido namorado de outra amiga muito querida estava concluindo uma pós-graduação e seu trabalho de conclusão seria a produção de um curta *_* (Ahh, como eu queria poder ter feito um trabalho assim na minha conclusão de faculdade... Um trabalho artístico ao invés de um TCC... *_*). Então eu fui convidada. E sou muito grata por isso até hoje.
      Bom, mas na verdade não sei exatamente se a gnt pode chamar de curta, pq o filme tem 1 hora e 12 min mais ou menos... =P Mas, então, o filme é em formato de áudio apenas e foi feito com base em uma música linda do cantor e compositor pernambucano accioly neto, Veneza Veneza, que vos segue, sendo, no entanto, interpretada por Santanna, o cantador:


      
          Gente, o filme vale muito a pena! É incrível o que o Daniel conseguiu fazer apenas com áudio, sinceramente. E tem muito da gente ali (povo alagoano, maceioense), são as nossas ruas, as músicas que a gente escuta... Vale realmente MUITO a pena! O elenco nem tinha nenhum ator profissional (só a Fran) e mesmo assim todo mundo arrasou e a Maria é uma personagem de quem até hoje sinto falta de vez em quando.
      Quando a Fran me passou o roteiro, eu adorei, principalmente, por pegar um texto que tinha tanto a cara da minha terra, que falava da minha terra, dos lugares daqui, dessa gente que trabalha tanto, sua tanto e nem sempre tem o reconhecimento que merece. O próximo passo foi pesquisar essa música que deu origem ao roteiro, a qual me encantou totalmente e ocupou minha playlist por dias e dias até a gravação. E depois foi a vez da Maria.

  • MARIA DAS DORES
      A Maria é uma estudante de arquitetura que veio para um Congresso em Maceió. Amante de viagens e fotografias, ela sai pela cidade para conhecer suas belezas particulares e registrá-las através das suas lentes, mas mais do que isso, ela também conhece um pouco do nosso povo através do encontro com Cleiton (Jadir Pereira). Um encontro desses que não se repetem e mesmo assim marcam nossa memória.


  • E Como ter acesso a esse filme maravilhoso??

      Aqui é possível baixar o filme no 4shared. Como eu disse, é apenas áudio, então está em mp3. E abaixo segue a ficha técnica:


FICHA TÉCNICA

MISÉRIA E NEON
ANO: 2013
(trabalho inspirado na música Veneza Veneza do cantor e compositor pernambucano Accioly Neto)
Tempo: 73 min;
Blocos: 13 sequências;
Formato: auditivo;

ROTEIRO
DIREÇÃO
PRODUÇÃO
ÁUDIO DE GRAVAÇÃO
TÉCNICO DE ÁUDIO
TRILHA SONORA
SONOPLASTIA
EDIÇÃO
PÓS-PRODUÇÃO

João Daniel Maia

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO

Fran Oliveira

ELENCO

Elton – Lucas Dread
Edelson – Lucas Dread
Desconhecido 1 – Lucas Dread
Maria das Dores – Louryne Simões
Cleiton – Jadir Pereira
Rodrigo – João Daniel Maia
Policial – João Daniel Maia
Vozes – João Daniel Maia
Vado – João Daniel Maia
Daniel – João Paulo Born
Seu Expedito – João Paulo Born
Doido – Humberto Jorge Maia
Felipe – Humberto Jorge Maia
Ari – Humberto Jorge Maia
Zé Praxede – Humberto Jorge Maia
Deda Maria – Rita de Cássia
Dona Lurdes – Fran Oliveira
Recepcionista – Fran Oliveira
Senhora – Ana da Silva

        



  • EU POR MIM MESMA
     Quando gravei , eu ainda não tinha começado na ETA  e tinha feito apenas algumas oficinas de teatro. Trabalhar nesse projeto que só pedia minha voz e toda a intenção vocal que ela pudesse oferecer, foi totalmente novo pra mim. E difícil. Fiz o melhor que eu podia fazer naquele momento, mas acredito que se o convite me fosse feito hoje, eu teria feito melhor. O que não implica dizer que eu não goste deste trabalho, implica dizer que amadureci em alguns pontos de lá pra cá. E devo isso também a este trabalho. Aliás, cada passo que postei aqui me rendeu, sem a menor dúvida, algum aprendizado. Como disse, eu gosto demais da Maria. Realmente até hoje sinto falta dela.


Louryne Simões

Palco: Linda Mascarenhas

    


     Já a algum tempo eu era curiosa sobre a história da mulher que ajudou e lutou para que o teatro acontecesse aqui em Maceió. Escutava interessada as referências a ela como a "dama do teatro alagoano" e com a mesma inquietação ouvia sobre as homenagens a ela pela cidade, um espaço cultural que leva o seu nome  bem como o teatro desse espaço. O fato é que tudo se encaixou tão perfeitamente que a ETA me deu também a chance de conhecê-la.  
      Em maio deste ano dois festivais de teatro estavam acontecendo simultaneamente na cidade. O primeiro estava se atribui ao sesc, era o chamado Palco Giratório: Várias peças estavam rodando o país graças a esse projeto. Recebemos peças maravilhosas graças a ele. E o segundo pode se atribuir à própria Linda: Maio teatral. É que o aniversário da Linda, 14 de maio, agora é tido como o dia do teatro alagoano. E em comemoração a essa data, estava acontecendo o festival. Ô mês maravilhoso para essa estudante de teatro que vos fala... *_*
      Bom, a questão é que, durante essa efervescência do teatro no estado, surgiu a oportunidade de assistir a uma leitura dramatizada de um dos textos da Linda, Conflito íntimo, interpretado pelo grupo do qual Linda foi fundadora e presidente perpétua, a ATA, Associação Teatral das Alagoas (*_* o máximo, não é?). Assisti super emocionada porque eram as pessoas que um dia abriram os caminhos para que eu pudesse hoje estar estudando teatro sem precisar sair da minha terra. Um dos meus professores resolveu aproveitar o mês de maio (teatro alagoano, Linda, enfim...) para que nós conhecêssemos mais da dama do nosso teatro e por isso pediu que preparássemos um exercício cênico sobre ela. A turma foi dividida em três grupos para cumprir essa tarefa e o professor garantiu mais uma palestra sobre a Linda antes de apresentarmos. Eu estava adorando a chance de conhecê-la melhor.

  • LINDA MASCARENHAS
    Nasceu em 14 de maio de 1895 e foi professora, feminista, diretora, dramaturga (provavelmente ainda devo estar esquecendo de muita coisa) e estreou como atriz já em idade avançada, mas mesmo assim conquistou prêmios e reconhecimento, não só na sua terra, como em outros estados, como o Rio de Janeiro, por exemplo. Ajudou muitos atores iniciantes em uma época em que o teatro não costumava ser tão bem visto (ainda hoje há certo preconceito, não é mesmo? Imagine naquela época), tornando-se personalidade de valor inestimável para o desenvolvimento dessa arte em terras Alagoanas. Faleceu em 3 de julho de 1991 e continuou no palco até as vésperas de seus últimos dias.

  • MINHA PESQUISA
     Eu não concebo ator sem pesquisa. Ator tem que pesquisar, estudar, aprender o tempo inteiro. E, sendo assim, eu fui atrás de mais informações ainda sobre essa personalidade tão marcante que eu teria a honra de viver nos palcos (e só eu sei o quanto estava empolgada com isso... *_*). Esses dois livros, além da palestra assistida, me foram de grande ajuda:

  • Certas Paixões
    Linda - 50 anos de refletores (Joaquim Alves)
    : Esse livro é ótimo!! Me ajudou enormemente, porque tem entrevistas com ela, várias fotos, os textos que ela mesma escreveu, incluindo um autorretrato... Enfim, tudo o que eu queria! =D Só não consegui achar imagem dele... (Acreditem se conseguirem, mas admito que sou meio burra no que se trata dos truques da web)
  • O teatro e Linda Mascarenhas (Ronaldo de Andrade e Izabel Brandão):

     Bom, desse eu consegui a imagem... =P. Esse foi escrito por um participante do grupo fundado pela Linda e já mencionado aqui, a ATA. O participante em questão é o Ronaldo de Andrade. Vale muito a pena conferir ;)

  •             EXERCÍCIO CÊNICO: MASCARENHAS










       Texto: Jadir Pereira
       Figurino e iluminação: Emerson Alves de Lira

       Elenco:
       Louryne Simões - Linda Mascarenhas
       Valéria Kalazans - Ama
       Beatriz Lessa - Lizaveta
       Lucas Darlan - Dona Xêpa
       Bárbara Lustosa - Índia
       Ingrid Teixeira - Romana
       Jadir Pereira - Dionísio
       Manipuladores/Parcas - Hélder Lucas e Kadu Monteiro



     A experiência foi a melhor e a mais rica possível. Estávamos todos assustados, achando que não estávamos prontos e que não daríamos conta. De fato, ainda temos MUITO a melhorar e a aprender (E graças a Deus por isso né...), mas ficou tudo lindo assim mesmo *_*.
       Em breve, volto aqui pra registrar mais, porque graças a Deus ainda há o que ser registrado :D
     

Louryne Simões

domingo, 27 de julho de 2014

Palco: Lisístrata (Aristófanes)

    Depois de conseguir entrar no curso de Arte Dramática da ETA, meu primeiro exercício cênico consistiu em uma cena da comédia Lisístrata, de Aristófanes. Eu tive a honra de viver a Lisístrata por alguns minutos. Tudo que estou fazendo ainda é muito início de caminhada, sabe? Mas tô feliz com esse início. 

  • LISÍSTRATA
    A comédia Lisístrata é também conhecida como "A greve de sexo" e seu enredo se desenrola da seguinte forma: Cansadas da interminável guerra entre Atenienses e Espartanos, as mulheres gregas das duas cidades resolvem se unir para dar fim à guerra. A forma que elas encontram para pressionar seus maridos é negando-lhes os prazeres do amor e do sexo. A coisa começa a funcionar, já que em pouco tempo os homens das duas cidades entram em desespero. Uma comédia fantástica, muito atual e muito copiada no decorrer dos séculos, sem dúvida vale a pena conhecer Lisístrata.




    
Teatro: Sala preta

Elenco:
Louryne Simões - Lisístrata
Mariana Cavalcanti- Cleonice
Thai Valentim - Mirrina
Robson Xavier - Lampito
Louryne Simões

Palco: Fedra (O Amor de Fedra- Sarah Kane)

    Desde menina já sonhando com o teatro, minha mãe, então pesquisou se haveria na minha cidade alguma escola de teatro onde eu pudesse estudar; se ainda hoje o incentivo à cultura em Alagoas é pouco, na época era ainda pior, mas já existia o curso de teatro que se realizava no Espaço cultural da Universidade Federal de Alagoas. O problema era que para ingressar lá era necessário ter concluído o ensino médio e as aulas eram noturnas. Tive que esperar mais um pouco então... Depois veio a faculdade e o sonho do teatro ficou engavetado por mais um tempo. Até que esse ano eu me inscrevi para aquele curso, o qual, com o tempo se modificou: Hoje é o curso de Arte dramática da Escola Técnica de Artes- ETA.
     Para entrar, dois testes tinham que ser feitos: A primeira etapa consistia de um teste de interpretação, onde os candidatos deveriam escolher um texto dentre os disponibilizados pela escola para interpretar em janeiro desse ano (se não me engano no dia 5) para uma banca formada pelos professores da escola. A segunda etapa consistiria de um teste de expressão corporal. Trabalharíamos essa expressão em cima de uma música também disponibilizada pela escola e apresentaríamos também para uma banca.

     O Vídeo abaixo foi gravado um dia antes do teste com o objetivo de autoavaliação. Eu gosto de me assistir para me criticar, sabe... =P Consigo me trabalhar melhor assim, já que consigo perceber alguns "erros" de atuação, postura ou qualquer coisa do tipo. Algumas observações sobre o vídeo:

  • Estão faltando os segundos finais do vídeo; se não me engano a máquina havia descarregado -.-
  • Em alguns momentos a imagem embaça... Coisas da máquina também. Como disse, não estava preocupada com um vídeo perfeito, porque até então só eu o veria.
  • Não reparem na bagunça da casa. É uma bagunça artística vai.... kkkkkk. Mas, enfim, aqui também vale o argumento de que só eu mesma veria o vídeo.
  • A roupa e a maquiagem foram as mesmas usadas no dia seguinte para o teste propriamente dito, pois estava experimentando se tudo aquilo (figurino, maquiagem, penteado) funcionavam também.  É claro que o efeito no palco, com iluminação e tudo mais foi ainda melhor.
  • O texto de Sarah Kane é mais forte e pesado que o de Eurípides. Não indicaria esse vídeo para crianças unicamente por isso.
     A personagem é a Fedra, mas não a Fedra clássica, de Eurípides, e sim a de uma versão mais moderna escrita por Sarah Kane. Vejamos um pouco sobre ela:

  • FEDRA
  Na mitologia, Fedra é filha do rei Minos, rei de Creta, e de Pasifae, filha de Helio e mãe do Minotauro. Ela se casou com Teseu, rei de Atenas, A peripécia começa quando ela, por uma armada de Afrodite, acaba se apaixonando perdidamente pelo filho dele, Hipólito. A tragédia recai sobre os três personagens de forma catártica e ganhou várias versões, dentre elas a de Sarah Kane, cujo texto é mais moderno e mais pesado e é a que trabalhei neste vídeo. Repito, portanto, que não o recomendo para crianças.

    Ademais, espero que gostem... =)





    
    E eu vivi a Fedra por menos de 5 min e já tenho um carinho enorme por ela. Fico imaginando os atores que continuam um trabalho por meses e meses ou até anos.
     E para fechar o post com Beleza, vai essa pintura, que eu acabei de conhecer, da Fedra, por Alexandre Cabanel (que eu também não conhecia; me sentindo uma sem cultura agora). O quadro é lindíssimo e resume bem a primeira parte da tragédia.



Louryne Simões

Fernanda Montenegro - Uma Dica Para Atores





Um dia em que eu estava longe das tábuas do teatro, longe da escrita, da dança e de qualquer das artes que amo, assisti esse vídeo e ele mexeu comigo de tal maneira que as palavras ditas por essa dama ficaram se repetindo na minha cabeça por muitos e muitos dias depois. Eu tinha que voltar para as asas do teatro de qualquer jeito. 
   Divido então aqui esse vídeo, porque ele me deu um empurrão que um dia precisei na hora que precisei e para que, quem sabe, ele dê esse empurrão novamente em alguém que esteja na rede...



"agora se morrer porque não está fazendo isso, se adoecer, se ficar em tal desasossego que não tem nem como dormir, aí volte..." (Fernanda Montenegro)

 Louryne Simões

sábado, 26 de julho de 2014

Primeiro ato

   O artista tem certa inquietude. Sempre pensei isso. Só não gosto de dizer tanto assim, porque não gosto muito de generalizações; e artista é bicho louco... Bem possível ter algum por aí que marque justamente pela calmaria. Eu não. Minha alma de artista quer mergulhar em arte o tempo inteiro; e esse blá blá blá todo foi só pra dizer que, tão inquieta que sou, tive que criar esse blog hoje quando ele ainda nem estava totalmente formado na minha cabeça. Não sei dizer até onde isso é bom. Ansiedade demais também é perigoso para uma atriz, mas nesse caso eu tinha pressa de compartilhar...
   Compartilhar a explosão de felicidade por finalmente estar realizando um sonho que começou quando ainda era menina e o esperado era que os sonhos mudassem; compartilhar cada passo, cada conquista desde agora quando tudo ainda é tão início. Sonho com o teatro desde menina, mas só agora, nos vinte e poucos anos, comecei a vivê-lo. E não quero parar nunca. Esse blog é também pra isso. Pra me lembrar que eu não devo abandonar nunca o amor da minha vida. 
    O teatro é meu pai, minha mãe e minha casa. Quando estou lá, me sinto abraçada, cuidada, amada como em nenhum outro lugar no mundo. Eu sou filha do teatro.
    Aqui pretendo registrar cada salto e cada queda e aprender com cada um deles. Não tenho grandes esperanças de que o mundo olhe pra mim, isso não é o mais importante. O mais importante é que eu viva o meu amor e que ele evolua e que eu aprenda com ele. Se há pessoas que passam a vida esperando um grande amor sem o qual acreditam que não poderão ser felizes, eu morro sem meu teatro. Eu morro sem minha arte. 
     Esse blog é um convite: Conheça-me no palco. Conheça-me no camarim.

Louryne Simões