domingo, 10 de janeiro de 2016

Palco: Luna

   


       Então, gente...
      Hoje eu tô aqui pra contar do meu último trabalho: a gatinha Luna. E a primeira coisa que eu quero dizer sobre ela é que ela me foi um presente com gosto de desafio. O sentimento que a experiência de dar vida a ela me causou foi tão grande que, agora mesmo, escrevi e apaguei várias vezes o início deste texto por não achar as palavras certas pra traduzir isso pra vcs.
        Vamos, então, começar pelo começo, não é?
        A Luna é uma personagem da versão da ETA para o clássico Pinóquio, nosso trabalho de conclusão do terceiro módulo, e não existe na sua versão original; ou seja, só quem foi conferir a montagem teve a oportunidade de conhecê-la. Ela é a gatinha do Gepeto; é dócil e muito lindinha, mas muito manhosa, mimada e ciumenta também.


  • Preparação da personagem
     Sempre me lembro do dia em que o nosso diretor e professor Alex Cerqueira anunciou qual seria a nossa peça. Lembro que antes de anunciar ele perguntou o que nós esperávamos do nosso próximo trabalho; e eu lembro que pedi desafio. Disse que queria algo que me desafiasse, que exigisse de mim, me fizesse suar e crescer como atriz. Até fiz um post sobre esse início de processo bem aqui, mas gostaria de destacar um trecho que escrevi lá:

"Sexta-feira ficamos sabendo o projeto da nossa primeira montagem e nos apaixonamos perdidamente (e falo no plural mesmo porque sei que a maior parte dos meus colegas, se não todos eles, ficaram mesmo tão apaixonados quanto eu). E eu fui conquistada exatamente pelo que eu vinha pedindo: desafio, algo que exigisse meu suor. (...)Estou feliz. Estou suando"

    De fato foi isso que eu tive. A Luna exigiu um bocado de mim. Eu estava perdidamente encantada pela chance de viver uma gata no teatro, mas vi que nem tudo são flores e encanto. Tem muito suor e esforço envolvido também: Nossa, só eu sei de quantos ensaios eu saí achando que não ia conseguir; e como ficava chateada por saber que a Luna tava aqui dentro de mim e mesmo assim eu não sentia como se estivesse conseguindo deixá-la aparecer aqui do lado de fora também. Foi a primeira personagem a me atingir desse jeito, a ponto de me dar uma chacoalhada, olhar nos meus olhos e perguntar: "E aí? Cadê a atriz tão elogiada agora?". Eu lembro que tinha traçado uma meta: As pessoas deveriam ver a gata em cena antes do primeiro miau, antes de qualquer maquiagem ou caracterização.
           Comecei a ler sobre gatos, pesquisar, salvar um monte de vídeos, escutei "História  de uma gata", dos Saltimbancos, e "Negro gato", ou qq outra música que falasse de gatos, como se não fosse haver amanhã (meu irmão já não aguentava mais). Relembrei a importância de um diário de bordo em um processo como esse e fiz um diário só pra construção da Luna. Pensei mil vezes em adotar um gato nesse período. Sentiram? Pois é, a coisa tava nesse nível. Foi nesse meio tempo que surgiu a Penélope, uma gatinha linda e muito fofa que apareceu na minha casa (ela deve ter sentido que ali morava uma atriz desesperada que precisava dela). Sim, é isso mesmo que vocês estão pensando, nós a adotamos (esse nome, inclusive, só veio depois que optamos por isso) e ela me ensinou um monte sobre como ser uma gata.
    Uma ou duas semanas antes da estreia os elogios começaram a vir. As pessoas começaram justamente a dizer que eu estava realmente uma gata em cena. Eu finalmente sentia que tinha alcançado minha meta traçada lá no início. Embora sabendo que podia ser melhor (continuo achando isso até agora), já começava a vir uma sensação de satisfação. A Luna estava nascendo.


  • Apresentações 
      Ficamos em cartaz do dia 14 ao dia 18 de dezembro de 2015, na Sala Preta, no Espaço Cultural da Ufal. E foi tudo muito, mas muito acima das minhas expectativas! Estava tudo belíssimo... E além da beleza estética do espetáculo, tivemos casa cheia todas as noites. Foi uma experiência linda demais, da qual eu já começo a sentir saudades.



Foto de Alexandra Souza




Foto de Fernanda Tenório




Foto de Fernanda Tenório

           Ao final de cada apresentação, o carinho das crianças era uma recompensa e tanto, entre tantas outras. Me fez lembrar a época do João e o pé de feijão . Além disso, muita gente querida foi me ver: amigos, familiares... Alguns, inclusive, tentaram e não conseguiram graças às filas enormes (só eu sei como fiquei por isso). Enfim, tudo isso tornou a experiência do Pinóquio inesquecível. A Luna, além de um presente, se tornou inesquecível pra mim; e já deixou saudades.


  • Agradecimentos
      Há, provavelmente, dois amigos que estão no topo da minha lista de agradecimentos: A primeira é a Penélope. Eu nunca tinha tido tanta aproximação com gatos, era louca pra ter um quando criança, mas meu pai não permitiu, de modo que o contato com a Penélope permitiu que a Luna crescesse de uma maneira que seria mais difícil conseguir sem ela. E, dividindo com ela o topo dessa lista, Cleyton Alves. O Cleyton, que também é (um excelente) ator, já havia vivido um gato no musical "Os gatos, uma noite felina" apresentado aqui na cidade, e me deu uma série de dicas super importantes para que eu pudesse ser uma gata nos palcos. A assistência dele foi super importante pro meu processo pessoal na construção dessa personagem e eu não canso de agradecê-lo por isso. As dicas dele aliadas à observação da Penélope possibilitaram muito do meu trabalho nesta peça.
      Mas a lista de agradecimentos é enorme: Ao meu diretor e professor Alex Cerqueira, por ter acreditado em mim e me dado essa personagem incrível. E a todos os professores David Farias, Toni Edson, Geová Amorim, Reginaldo Oliveira pelas inestimáveis orientações. Aos meus colegas de sala e elenco que sempre sempre acreditam em mim, msm quando eu mesma duvido, e assim me ajudam a crescer. Vocês nem sabem o quanto. À Poly, pelos figurinos lindíssimos *_*. À Carol, por ter feito a maquiagem da Luna tão linda e delicada. às fotógrafas Karla Lima, Alexandra Souza e Fernanda Tenório pelo belíssimo registro que fizeram da Luna. Muito obrigada, meninas. Desde o primeiro dia eu queria fotos da Luna, mas o que eu ganhei de vcs foi muito melhor do qq foto que sonhei. E sem vcs este post não estaria tão lindo. E, por fim, a todos que contribuíram para que o Pinóquio acontecesse, porque acabaram contribuindo também para o crescimento de uma atriz, então muito obrigada!
         Eu também não poderia deixar de agradecer aos meus amigos e a minha família, que fizeram o possível para assistir à peça. Nem todos conseguiram. Mas ainda assim eu queria dizer que vcs não tem noção do quanto foi bom saber que vocês estavam lá por mim. Tudo fica mais bonito e mais doce pra mim quando eu sei que vocês estão lá enquanto eu tento realizar o sonho que carrego desde menina. Muito obrigada.
         E assim também para cada criança, cada mãe ou pai que levou seu filho ou filha para nos ver, para cada pessoa que compôs a nossa plateia durante aquela semana, muito obrigada por terem ajudado magia do Pinóquio a acontecer.


  • Concluindo...
      O processo para o Pinóquio foi um processo de amadurecimento para nós enquanto artistas. E o resultado foi uma surpresa, porque foi acima de qualquer expectativa: casa cheia em todas as noites, o carinho do público, especialmente das crianças... Enfim tudo... Não canso de dizer que a Luna foi um presente; e me ensinou muito. Saio do Pinóquio uma atriz mais forte, mas o Pinóquio ainda não saiu de mim. Já tenho saudades...




Louryne Simões
       

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