segunda-feira, 6 de abril de 2015

Oficina Teatro do Oprimido

     Quarta feira passada, dia 1/4, recebemos na ETA o ator Dodi Leal para nos aplicar uma oficina do Teatro do Oprimido, vertente do Teatro fundada pelo brasileiro Augusto Boal. Boal participava da política ativamente chegando a ser exilado do país durante a ditadura militar; seu Teatro herdou seu ativismo. Também conhecido como Teatro do diálogo, o Teatro do Oprimido é conhecido por discutir no palco questões político-sociais, especialmente no que é referente a dar voz para as classes que não tem. É um teatro contra a opressão. E, em se tratando de um Teatro que defende que todos deveriam ter voz, ele mesmo não poderia excluir ninguém, não é? Assim sendo, o Teatro considera que todos nós podemos ser atores, assim como todos podemos ser espectadores.
      Sobre isso, o professor Lindomar pode dizer melhor que eu bem aqui, de onde retirei o seguinte trecho:

"O “Teatro do Oprimido”, de acordo com o próprio Boal, pretende transformar o espectador, que assume uma forma passiva diante do teatro aristotélico, com o recurso da quarta parede, em sujeito atuante, transformador da ação dramática que lhe é apresentada, de forma que ele mesmo, espectador, passe a protagonista e transformador da ação dramática. A idéia central é que o espectador ensaie a sua própria revolução sem delegar papéis aos personagens, desta forma conscientizando-se da sua autonomia diante dos fatos cotidianos, indo em direção a sua real liberdade de ação, sendo todos “espect-atores”.

    Assim, o Teatro do Oprimido é um dos poucos que dá tanta importância aos espectadores quanto aos atores. Afinal todos somos atores e todos somos espectadores na vida cotidiana, não é mesmo? E porque no Teatro seria diferente? Perguntemo-nos então: Onde temos estado mais? No palco, atuando, ou apenas assistindo como o mundo se desenrola?



  •      EU NO TEATRO DO OPRIMIDO
     Embora eu já escute falar do Teatro do Oprimido desde quando dei meus primeiros passos nas tábuas, nunca tinha feito uma oficina nessa vertente. Adorei. Aprendi bastante e vi como realmente o Teatro pode servir a esse propósito de ser questionador e revolucionador na sociedade. O tema dessa oficina especificamente foi travestilidades, mas fomos muito além desse tema, falamos de machismo também, do homem, da mulher, de gêneros e me senti voltando pra casa como quem fazendo o que mais ama, em casa, ou seja, no teatro, falou de coisa séria... E falou sem pesar. Sem pesar o clima. Sem se sentir pesada. Falar de política no Teatro é outra coisa. Pelo menos pra mim. Além disso, Dodi realmente conduziu cada momento da oficina sempre com muita dialogicidade realmente. Foi uma delícia participar da oficina e me senti aprendendo. E percebendo como realmente o teatro pode ser transformador (coisa que eu achava que já sabia, mas a oficina me fez sentir isso mais na prática, o que foi muito melhor.)

      E, sendo assim, aproveito para renovar meus agradecimentos a Dodi Leal e super indicar que qualquer ator (ou não-ator) participe sim de oficinas do teatro do oprimido. Aprender a (se) questionar, a se rever, se refletir é fundamental. Não há como fugir da política. Se você foge dela, você entrega os seus direitos de mão beijada nas mãos de outras pessoas. Não façamos isso. E aproveitando a era que estamos vivendo, tão cheia de "vontade política" por meio do povo, né? (super atenção para as aspas, por favor), que questionemos com força, mas sem perder a ternura e a leveza... =). Eu não saberia como terminar esse post, porque não pararia nunca de ressaltar as qualidades e vantagens de se fazer o teatro do Oprimido, então vou parar no simples "eu faria de novo.", "é necessário" e "faça você também."








Louryne Simões

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